
Enfim: mesmo justapostas aleatoriamente, as peças fazem sentido juntas, pois já bastariam por si só. Daria para fazer um disco inteiro do maravilhoso baixo solitário aqui, cuja crueza instiga lampejos adolescentes que tardam a voltar - gritos, braços levantados, o momento só seu. Os Pixies fizeram-no, e bem.
E a banda continua a abrir a mala e jogar as peças pela janela, despejando o repertório com total abandono. Caem a melodia circular da garota, o desabafo do garoto, a guitarra rasgada, até o surgimento do título da música, não da forma esperada, no grito "if there's a party can i come all alone?".
Por que o rapaz pede permissão para ir sozinho a qualquer festa que apareça, não importa quando, onde ou de quem? Ele quer fazer novos amigos? Deixar os seus para trás? Teria sido ele deixado para trás por alguém? Ou então apenas prefere mesmo ficar sozinho?
Para mim, seu tom de voz soa como o de alguém que não sabe direito o que fazer após o choque, as roupas defenestradas no chão, sobre a boca de lobo, na volta do trabalho. É, certamente sua ida solitária não é opcional; ele precisa (re)aprender a bastar-se - na festa, nos planos, na felicidade -, rápido.
Boa festa para você, rapaz.
[MP3: envelopes - party]
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