Aí, pensei: enquanto gasto os dias com o anúncio da Ajinomoto, e reclamo experiência simplesmente por estar mais velho, alguém corre pelado num bosque perto de Estocolmo. Ontem, de frente para um pôster, entendi o lema da exposição que vi em 2003. Enquanto um colega aqui do lado está lendo, interessado, o mexe-remexe do mercado publicitário, respiro um pouco menos agoniado, marcada a página 376 de Los detectives salvajes - eu, no México, na cômoda do quarto. Mas tem esse texto, aqui no monitor, um título sem tempero, uma míni depressão. Porque do projeto de erguer um romance latino-americano, em dois planos, com três personagens centrais, fico com a página dupla da Veja, e um rodapé vagabundo. Mais a insistência de uma crase que só existe na gramática da gerente de produto. Ignorante. Eu, que tenho as melhores conversas do trabalho com a Rose, da limpeza, fico sonhando com um bar e dois interlocutores verdadeiramente interessantes, efeito da solidão, do i-pod e da fantasia no ouvido. Cheguei não faz 20 minutos, tarde, queria ter certeza de que estariam esperando por mim. Quando toquei "Mirame" na caixinha de som, feliz, praticamente encantado, ninguém, ninguém mesmo, deu a mínima atenção.
Rodrigo Maceira
[MP3: Ondo - Mirame]
myspace.com/ondouno
Rodrigo Maceira
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