Desde sempre, ou pelo menos desde quando me considero um ser alfabetizado, jornais e revistas são os meus melhores amigos para a hora do aperto. Em outras palavras, a imprensa escrita sempre foi minha fiel companheira de trono, do famoso número 2. Mas isso começou a mudar.
Não, não aconteceu do dia para a noite. Certa vez não achei nada de interessante por perto para ler e então lembrei daquele podcast que tive que pausar antes do fim. Pensei que ali seria uma boa oportunidade de continuar escutando-o. A partir daí comecei a substituir gradualmente o papel pelo iPod. Antes que alguém faça uma má interpretação, continuo me limpado com papel higiênico. O que mudou foi a mídia que uso para me distrair nessas horas.
É verdade que um podcast pode ser comparado à uma revista sonora, e que podcast e música são coisas completamente diferentes. Também é verdade que essa coluna é sobre o mercado de música, e não de podcast. Mas, mesmo assim, esse singelo momento abriu minha cabeça para algo que está relacionado ao tema e vem ocorrendo nesses tempos modernos: o crescimento do som em detrimento da imagem.
Oras bolas, quando nasci, em 1980, a TV reinava absoluta em nossas vidas. Depois, com o tempo, lembro de ter presenciado a radicalização do ditado "uma imagem vale por mil palavras". Sempre que podiam substituir a palavra escrita por uma foto, ilustração ou gráfico, faziam. Essa era a fronteira do futuro, pensavam. Mas estávamos todos enganados.
Uma das vantagens de ter quase 30 anos é que, mais ou menos nessa idade, a gente começa a perceber que o mundo funciona de forma cíclica. Quando você acha que alguma coisa está consolidada é porque falta pouco para mudar tudo de novo. E é assim a relação dos seres humanos com som e imagem.
Não peguei o tempo onde as famílias se reuniam em volta do rádio, como você já deve ter visto em filmes e novelas de época, e acho que esse fenômeno não vai se repetir tão cedo. A cada dia que passa consumimos mais som, mas quase sempre individualmente. Enquanto a imagem demanda muito de nossa atenção, o som cabe como uma luva em atividades do dia a dia: uma caminha da casa até o trabalho, a hora de lavar louça, o momento de sentar no trono etc.
E daí? O que podemos esperar disso? Abaixo listo alguns palpites:
- o rádio ganhará importância
- videoclipes perderão importância
- o novo jornal de grande expressão será um podcast
- o novo programa de entrevista de grande expressão será um podcast
- a volta das radio-novelas
- aparelhos domésticos se adaptarão a essa nova realidade
(video via Brainstorm9)
E quando você achar que esse novo mundo estiver consolidado, lembre-se, a imagem certamente dará o troco!
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