5 de dezembro de 2007

mp3 do dia - the magnetic fields

A vida de alguém realmente talentoso não deve ser fácil: encontrar-se sempre em estado de impaciência diante da mediocridade dos outros, ser incapaz de baixar a própria frequência e aceitar o ordinário, irritar-se pelo tempo perdido com o comezinho, que poderia estar dedicado a músicas, palavras e idéias, e ter convicção plena (e até um certo maravilhamento) das próprias opiniões, só para vê-las incompreendidas pelos outros.

Para alguém assim, fica fácil perder um pino ou entrar em depressão. Stephen Merritt escolheu a segunda opção. Daí a fama de sujeito irredutivelmente amargo, daqueles que estouram os balões de um aniversário de criança com o cigarro ou mandam pêsames à mãe de um recém-nascido. Mas o seu talento é inegável: além de líder do Magnetic Fields e outras 5 bandas, foi editor da Spin Magazine e da Time Out New York, e compositor de trilhas sonoras de Hollywood e musicais. Dentro desse ambiente criativo, escolhendo aqueles ao seu redor, Merritt até parece feliz, na medida do possível; fora dele, parece ser miserável. Por isso que a notícia de um disco novo do Magnetic Fields deve ser uma benção para quem conhece o sujeito pessoalmente.

Nas palavras de Merritt, Distortion (2008) soará mais parecido com Jesus & Mary Chain do que o próprio Jesus & Mary Chain. É mais um álbum-conceito da banda, porém, dessa vez, será apenas o som, e não as letras, que seguirá uma temática. A linha-mestra: distorção (duh). Daí a montanha de feedback de guitarra e piano (!!!) que envolve Three-Way.

E pensar que você largou a aula de piano porque não era rock o suficiente.







[MP3: the magnetic fields - three-way]

3 comentários:

pacolli disse...

que incrivel!! quero muito ouvir o disco novo, tava tentando baixar alguma coisa ha semanas! eles entram em turne em fevereiro, to me programando pra ir pra la ver uns shows. tem q aproveitar q o stephin merritt ta menos azedo.

Mitch Souza disse...

hahaha, perto desse cara Kurt Cobain parece uma criança feliz :D

fernando araújo disse...

Mas bastam dois segundos para o homem voltar ao patamar comum de azedume. Se a história do piano com feedback não der certo no show, por exemplo, fico só pensando no mau-humor... No mínimo, ele sairá do palco, à la João Gilberto.