Uma pequena parte do fascínio por bandas novas e/ou obscuras está na sensação de privilégio: "Nossa, como isso é maravilhoso, e, mesmo assim, tão pouca gente conhece. Sou um privilegiado, um iluminado, um ser extraordinário". Negue o quanto quiser, mas sim, esse elitismo está dentro de todos nós, fãs de música não-convencional, independente, alternativa.
Existe então coisa mais bizarra do que ouvir uma música dessa sua seleção privilegiada no local ou situação na qual você menos a espera? O que foi o show do Foreign Born no primeiro episódio de Chuck? E a Feist, no comercial da Lacoste? Que tal o Belle & Sebastian, no som de uma loja de roupas? E o Smog, na livraria em Buenos Aires? A estranheza ocorre até mesmo na balada, quando um DJ toca algo que você, no auge de sua pretensão, achava ser o único que conhecesse.
A idéia dessa seção é reportar esses pequenos sustos do cotidiano. Agora, toda vez que ouvirmos algo inusitado na TV, rádio ou mesmo na rua, reportaremos aqui.
De cara, destaco a Rede Globo. O histórico deles é longo, e o Fantástico, sua revista eletrônica semanal ®, um caso primoroso desse fenômeno. Segundo o Felipe, funcionário do programa, o cara responsável pela trilha sonora das matérias sabe muito de música. Daí a lembrança de ter ouvido M83 e Sonic Youth no fundo de reportagens sobre, sei lá, a dignidade da vida nas favelas. Pior: durante uma montagem de cenas do Alemão no BBB, tocou Rough Gem, do Islands!
Para inaugurar oficialmente a seção, a primeira bizarrice:
Blonde Redhead - 23
Ouvida hoje, durante matéria do (pasmem!) Globo Esporte.
4 comentários:
Um dos editores do Fantásico é/ou era o Alvaro Pereira Junior. Daí boa parte das trilhas bacanas das matérias. ;)
Então, sabia desse factóide e, claro, atribuia as pérolas ao Álvaro. Mas parece que muito desse mérito é do tal sujeito.
Mesmo já esperando uma ou duas músicas do cânone indie, ainda tomo sustos no Fantástico - ao invés de Franz Ferdinand, eles tocam M83 ou Dinosaur Jr.
eu também já ouvi muita música boa e improvável no Fantástico, achando que era coisa do Álvaro Pereira Junior. Uma das primeiras que lembro foi Chemical Brothers, lá pelo ano de 98/99, qdo a dupla ainda não era popular por esses lados.
do Sonic Youth eu lembro de ter ouvido a entrada de pattern recognition no Fantástico. Adorei esse tópico!
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