Saiu ontem, nos EUA, Andorra, o disco novo do Caribou, nome artístico do canadense Dan Snaith. O sujeito tem um quê de geniozinho: onde já se viu um doutor em Matemática com um arcabouço ilimitado de recursos técnicos para a produção musical? Laptops, sintetizadores e instrumentos formam sua orquestra de um homem só. Não duvido de que ele seja capaz de fazer música com um cabide e um pote de gelatina.
O que sempre me impressionou na sua obra, entretanto, foi o seu subestimado dom para a melodia. Com tamanho controle sobre toda essa parafernália, seria fácil perder-se em exercícios de autoindulgência - algo que pode ser notado em seu último disco, The Milk of Human Kindness. Mas Andorra acerta o passo e abraça a supremacia da boa composição, sempre. Daí a dinâmica das partes, os refrões, as harmonias vocais. Camadas, barulhos e adornos enriquecem uma fundação já sólida, elevando boas canções à condição da transcendência.
A música abaixo, Melody Day, aprofunda-se ainda mais na verve shoegazer/psicodélica do maravilhoso Up in Flames, lançado sob a sua antiga alcunha, Manitoba. Ainda mais analógico, Snaith cria uma releitura do pop perfeito sessentista, temperando o esmero harmônico da época com a percussão e a produção do século XXI. Beleza atemporal.
[MP3: caribou - melody day]
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