Recebi um flyer que estampava, com orgulho, o termo new rave. Coisa de gente ignorante (ou muito esperta).
Até onde eu sei, a tal new rave, fenômeno recente, é a volta da cultura rave - festas épicas, roupas cítricas, fosforescência, drogas -, na Inglaterra, entre uma audiência que mal presenciou a primeira onda.
A new rave não se aplica ao Brasil. Povo diferente, cultura diferente, história diferente.
Aqui, ainda vivemos a cultura rave, anos depois do fim da mesma na Inglaterra. E essa nossa rave é outra, um evento para playboy, a via comum; a dos ingleses era uma antítese das fastidiosas rádios e casas noturnas da época, um contrafluxo.
Não faz sentido vender new rave no Brasil.
E fica pior.
Segundo o flyer, os DJs da festa tocariam new rave para a pista. Estranho. Você costuma ir a raves. Você não ouve rave. Na rave, toca psytrance, house, techno, drum n' bass, etc.
Essa incoerência primária gera discussões despropositadas acerca de um suposto gênero musical new rave: uns dizem que é música eletrônica com estética mais rock (Justice, Digitalism, Simian Mobile Disco, toda a turma Kitsuné-Modular), e a ridícula volta do remix, estragando todas as músicas das quais eu gosto; outros falam que é rock cheesy e sem pretensões, feito especificamente para pista de dança (daí os teclados cafonas e os sing-a-longs), como Datarock ou o próprio Klaxons, o EMF do século XXI (YOU'RE UNBELIEVABLE... OOOOOOOOOW!). Mas já vi jogarem Cansei de Ser Sexy, Hot Chip, Death from Above 1979 e The Gossip nesse bolo. Apples and oranges.
Ninguém conseguirá chegar a uma resposta contundente para a questão, pois tudo isso não passa de um engodo da mídia, uma grande bolha especulativa alimentada pela idiotice das pessoas.
Se não quiser passar vexame, diga que new rave é a música - sem distinção de gêneros -, que costuma tocar em uma suposta festa new rave, a versão contemporânea das antigas raves, que acontece lá na Inglaterra. Ponto. Agora é só copiar e colar essa definição, enviá-la para a sua lista de discussão, e marcar pontos com aquela menininha indie de óculos pretos e espessos, cujas lentes carecem de grau.
Pessoalmente, ainda prefiro a minha definição: new rave é desculpa para indie tomar pastilha e dançar eletrônico poperô. É farsa para achar que faz parte de algum movimento cultural relevante - uma espécie de carpe diem, no caso -, em meio a essa era de apatia ideológica.
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