Existem esquisitos do mal e do bem. Os do mal fazem coisas como escrever salmos com uma chave de fenda em carros de estranhos ou oferecer doces com Pinho Sol para crianças. Sua esquisitice é perigosa. Os do bem são tão estranhos quanto os do mal, mas não causam danos a outrem. Deitam pelado na fonte da praça, tocando-se diante da visão da sereia que cospe água; guardam fotos de bichos atropelados na estrada, pela pura melancolia das imagens; colam post-its no próprio corpo, para se lembrarem de regar as plantas; guardam as unhas cortadas em tupperwares, para ver se elas crescem uniformemente a cada semana; levam seus pertences pessoais em uma sacola de supermercado, para poder jogá-los fora, em um instante, caso queiram desaparecer. Esse é o tipo de esquisite do Mae Shi.
O último LP da banda de Los Angeles, Terrorbird, tinha 33 faixas com menos de 2 minutos. Algumas eram repetidas em versões bizarras, outras, compostas somente de barulhos e gritos. Seria fácil despachá-los como esquisitice a ser evitada, pelo bem da própria saúde. Mas eles sempre tiveram uma distorcida sensibilidade pop, que cresce a cada dia que passa. Run to Your Grave, música de um disco ainda a sair, é a última prova de que o Mae Shi poderia morar em seu condomínio, sem riscos, divertindo toda a vizinhança com suas peripécias excêntricas.
[MP3: the mae shi - run to your grave]
Um comentário:
Sonzinho interessante, calminho mas um tiquinho angustiante :D
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