No fundo da sala, sozinha, de novo sozinha, Cristina aguarda o final da sessão com ansiedade. Sal nos olhos e dois tempos para a saliva que atravessa a garganta. E final de filme. "Uma mãe atirada", resume. "Correndo atrás do mundo. Eu, aqui, confusa, frágil: eu, do tamanho que alcanço quando não tenho mais ninguém. Eu, eu comigo". E a saudade da mãe. Cristina cresce; chega sua vez. Primeiro Paris, depois Barcelona. Tendo escolhido, escolhendo por conta; encontrar o mundo com os olhos, os dedos, o corpo inteiro. "Difícil que seja", sendo duro demais. Longe da mãe, "das tantas vezes que me abandonou às medidas que tive que descobrir em mim". No odiável silêncio e com os fantasmas mais terríveis. "Caí no mundo, mãe. Com a água e a cerveja que ele tem." Na tela, o tempo todo, o diálogo repetido, de poucas recompensas. "Ah, mami, no hubiera podido hacerlo de otro modo". E não podia ter sido diferente. Cristina, cansada, depois de tantos anos, e de tanta saudade, "indo passar uns dias, férias no lugar de onde eu vim". Avenida Revolución, próximo à Praça Revolución, "meu cinema predileto em Guadalajara". E, anos depois, um filme para lembrar a saudade da mãe de anos antes. "Não escolhi as coisas que mais quis". As luzes acesas, a sala esvaziando, os créditos acompanhados com toda atenção, porque é chegar em casa, abrir o soulseek e baixar a música dessa história que não é a minha".
Rodrigo Maceira
[MP3: austin tv - más que a nada en el mundo]
http://www.myspace.com/austintv
Trailer do filme
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