Não costumo gostar de cantoras com vozeirão. Mariah Carey, Whitney Houston, Christina Aguilera... Todas parecem perdidas em um espetáculo de auto-indulgência, encantadas com a própria potência ou técnica vocal. E a música, como fica? Mais: não acho o som de esgoelamento bonito ou agradável. Nem aqueles vibratos estrambólicos. Ou os falsetos supersônicos. Chega dessa cultura de American Idol.
E como seria a minha voz feminina perfeita? Bem, certamente afinada, para começar. Nunca gritada, estridente ou anasalada. Mais para suave, aveludada, boa de ter junto ao ouvido. Também não seria aguda, tampouco grave, embora pudesse ir além, em volume e notas, enquanto intuísse suas melodias.
Só para deixar claro, essa voz existe. Quando a encontro, chego ao ridículo de sentir uma atração pelas projeções imaginárias que faço de suas donas. E ainda me sinto bem com isso: como é bonito ser capaz de adorar uma mulher por algo muito mais expressivo - a sua arte - do que a mera beleza física, não? Pena que o sentimento dura até o susto no Google Images.
A minha noivinha mais recente (e temporária) é a senhorita Jessica Martins, do Via Audio. Developing Active People é o encontro no parque que tive com sua voz imaculada. Tá, a música tem um quê daquela perfeição pop de música adulta contemporânea. Vocês sabem o tipo: basta ouvir um pouco de Antena 1, em algum McDonalds por aí; é hit após hit, todos fabricados por um processo de homogeneização aperfeiçoado, em anos, para produzir as melodias certas nos momentos certos, as inflexões certas nas palavras certas, as vozes certas nas caras certas. Tenho mais medo disso do que de pagode. Mas Developing Active People escapa desse limbo de insipidez com a harmonia vocal masculina, a bateria surpreendente, a pequena quebra para o refrão, a distorção na guitarra. E, claro, pela graciosidade da senhorita Jessica Martins
[MP3: via audio - developing active people]
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