Ficamos na expectativa de encontrar novos mundos no espaço, enquanto temos 75% do planeta ocupados pelo oceano, um sonho palpável, tecido por suas próprias cores e formas, sua própria contextura, seu próprio tempo.
Quase perco a sanidade ao ver um daqueles documentários lindíssimos com imagens submarinas - eles parecem-me uma espécie de ficção do mundo real - e começo a imaginar o quanto ainda há por debaixo da pequena camada de luz e pressão à qual pertencemos. Como ainda somos capazes de achar que conhecemos, na palma da mão, a nossa realidade?
Brian Cook e Rebecca Scott quiseram se aprofundar mais nessa ficção. Enquanto faziam um curta-metragem sobre o fundo do mar, começaram a formar uma trilha sonora imaginária para esse universo distinto. Pegaram seus instrumentos, chamaram um baixista e programaram uma bateria eletrônica. Assim nasceu o Panda Riot.
E qual seria essa trilha? Shoegaze dançante; loops eletrônicos criando espaço para os humanos se concentrarem em efeitos sonoros distantes da vida real; os sussurros leves sobre as notas de um teclado refratadas por um pedal de death metal; o céu tornando-se mar; os carros, peixes; os cabos de alta tensão, enguias; a fumaça, plânctons; os prédios, corais. O mundo virando algo a mais.
Injustiçado é o Aquaman, vítima de sarristas por ser o superherói da Liga da Justiça com os poderes mais inúteis. Trocaria - em um instante - a minha superforça pela capacidade de morar no fundo do oceano.
[MP3: panda riot - like flowers at night]
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