O Enon é uma das minhas bandas favoritas. Não estou de brincadeira. É de todos os tempos, mesmo.
Sim, declaração bombástica, daquelas que soam tão certas em um período específico de tempo, mas invariavelmente mordem o seu calcanhar no futuro. Entretanto, High Society (2002) e Hocus Pocus (2003) convenceram-me do fato. A partir desses marcos, o pedigree de "banda surgida das cinzas do Brainiac" já significava mais nada. As novas músicas falavam mais alto.
Por que o Enon é tão especial? Simples: escrevem músicas perfeitas, em todos os gêneros imagináveis. Cada disco passeia por 5, 6 gêneros, do experimentalismo mais cabeçudo ao pop-rock mais radiofônico. O repertório, copioso, inclui guitarras, violões, teclados, sintetizadores e o contraste entre as vozes de John Schmersal (grave e rouca aqui, aguda e gritada ali) e Toko Yasuda (doce, sempre). Tocam o que quiserem ou for necessário, sem perder a classe. Seriam a melhor banda de churrascaria do mundo.
O disco de lados-b de 2005, Lost Marbles and Exploded Evidence, não deixava de ser interessante, mas acabou por deixar um gosto amargo na boca. Blocado, o experimentalismo era demais. Faltava uma música (uma meia dúzia, aliás) como Mirror on You, primeira amostra de Grass Geysers... Carbon Clouds, álbum de músicas inéditas, previsto para outubro.
Um efeito bizarro na voz de Yasuda logo abre a faixa, dando passagem a uma saturada linha sintetizada de baixo e uma bateria dançante (com palmas!). Surgem então, espasmódicos, um solo de guitarra e uma série de barulho obscuros. Apenas um minuto e quarenta e oito segundos depois, acaba a música, como uma colagem, miniaturizada ao extremo, dos milhares de sons do Enon.
[MP3: enon - mirror on you]
Nenhum comentário:
Postar um comentário