O Shocking Pinks é uma banda de um só sujeito, Nick Harte. Ele é da Nova Zelândia, um país minúsculo, e muito, muito distante. Ao contrário de outra distante e minúscula ilha, a Islândia, a Nova Zelândia não é conhecida por seu talento musical, mesmo tendo o inglês como língua oficial e a Austrália, terra de colossos musicais como AC/DC, Bee Gees e INXS, como vizinha.Mesmo no meio do nada, bastaram somente um álbum completo e dois mini-álbuns para Nick ser encontrado e contratado pela nova-iorquina DFA Records, do senhor James Murphy, vulgo LCD Soundsystem. E a maior distância nessa aquisição não foi geográfica: o Shocking Pinks não se parece com qualquer outra banda do ultradançante selo, passando por post-punk, folk e shoegazing, sempre com a mesma produção lo-fi, analógica, caseira, chiada - a antítese da perfeição sônica dos discos da DFA.
O primeiro lançamento pelo selo, Shocking Pinks, reúne os dois mini-álbuns anteriormente lançados pela banda, quase que sem ajustes na produção original. E a aparente tosquice pode afugentar alguns: desvendar a beleza de uma música como This Aching Deal requer devoção. Mesmo sob o mais impiedoso dos chiados, entretanto, o talento do homem não deixa de saltar aos ouvidos. Qual disco recente passa, com tamanha consistência, por Liquid Liquid, My Bloody Valentine e Joy Division?
[MP3: shocking pinks - this aching deal]
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