Em nossa primeira entrevista, batemos um papo (por e-mail) com Josephine Olausson, do Love is All. A moça é deveras simpática e parece ter gostado muito de ter vindo para cá.
Comecemos com uma pergunta óbvia: vocês tiveram a chance de conhecer um pouco do Brasil? Conte-nos sobre suas atividades extra-shows, os locais que visitaram, as pessoas que conheceram...
Bem, ficamos 2 semanas no Brasil e tivemos um bocado de tempo livre para simplesmente ficar na praia, comer toneladas de comida fantástica e beber caipirinhas. Passamos a primeira semana em Recife, onde supostamente houve 40 ataques de tubarão nos últimos 20 anos, mas não tivemos a chance de ver um. Ficamos um pouco desapontados. Viajamos para Porto de Galinhas, onde comemos peixe grelhado, bebemos aquelas cervejas de garrafa grande (ed: a nossa querida 600ml) e ouvimos grandes clássicos do rádio em um bar na praia. E também nadamos entre ondas gigantescas. Foi maravilhoso.
Depois de Recife, fomos a Curitiba, uma estadia breve, porém divertida. Passeamos por várias lojas de discos e eu comprei óculos escuros malucos para todos da banda. O show lá foi muito divertido e a platéia foi ótima!
De Curitiba, fomos a São Paulo, de carro. Dirigir lá foi enlouquecedor, que cidade enorme, com um monte de malucos em motocicletas. Já lemos que São Paulo supostamente era uma das cidades mais feias do mundo, mas acho que todos nós amamos, de verdade, a sua aparência: tantos prédios legais, belas colinas, bares nas ruas... Realmente um lugar incrível, no qual adoraria passar mais tempo.
Todos que conhecemos nessa viagem foram tão legais, brasileiros e os suecos das outras bandas. Para resumir tudo, nas palavras da Ana e da Tatiana, do Coquetel Molotov: happy times!
Vocês ficaram surpresos ao perceberem que tinham tantos fãs no Brasil? Vocês enxergam a internet como algo positivo ou negativo para a banda? Por fim, vocês se consideram uma banda da internet?
Foi uma enorme surpresa descobrir que tínhamos fãs no Brasil. Não esperávamos ser conhecidos por uma pessoa sequer, mas o público estava cantando junto, realmente entretido. Já que não temos disco lançado na América do Sul, temos que agradecer à internet por tudo isso. Penso que é difícil não enxergá-la como algo positivo quando a nossa música é obviamente divulgada por ela.
Não sei se podemos nos considerar uma banda da internet: nosso negócio sempre foi lançar singles em vinil, com tiragem limitada, mas, de alguma forma, caímos na internet e chegamos aos ouvidos de um monte de gente.
O que me fascina no Love is All é a energia que permeia todas as músicas - a impressão que tenho ao ouvir o Nine Times the Same Song é a de que vocês se divertiram à beça no estúdio. Naquela noite em São Paulo, percebi que a imagem mental que tinha estava certa: quantos sorrisos, dancinhas, pulos... Até um pequeno mosh pit! Vocês pareciam genuinamente felizes por estarem lá, tocando suas músicas. De onde vem essa energia?
Hmmm, não tenho certeza da procedência dessa energia. Talvez ela venha da nossa felicidade por estar nessa banda, e no fato de que realmente gostamos de estar juntos um ao outro. Às vezes, me pego pensando sobre o quanto isso é raro. Um monte de bandas provavelmente não acaba porque seus membros encaram tudo como um trabalho. Mas os outros garotos do Love is All são realmente alguns dos meus melhores amigos. Mesmo quando não estamos gravando, compondo ou tocando, sempre estamos juntos.
Música parece ser uma coisa séria na Suécia. Para um país tão pequeno, impressiona a quantidade de bandas suecas fazendo sucesso pelo mundo todo. Todas as crianças aprendem a tocar um instrumento na escola ou coisa do gênero? E o que torna a música sueca tão atraente para pessoas de países tão distintos?
Sim, é um fato notório: há um monte de bandas surgindo na Suécia. Quando crescemos, sempre tocávamos instrumentos depois da escola. As aulas eram gratuitas e também podíamos pegar os instrumentos emprestados, de graça. Aí, quando tínhamos uns 14 anos, formamos nossas primeiras "bandas", e o governo nos oferecia espaços para ensaiar e até dinheiro para faze-lo. É realmente simples ter uma banda na Suécia. E talvez seja a longa tradição da melodia ser algo importante na música sueca que a torne tão querida em outros países.
O que vocês acham da noção comum da música eletrônica como a escolha oficial para uma pista de dança? Digo isso porque enxergo vocês como uma espécie de banda cada vez mais rara, tocando música perfeita para dançar, sem depender de sintetizadores, samplers e outros equipamentos eletrônicos. Como vocês comparariam o seu som à música eletrônica?
Bem, essa é uma pergunta difícil. Acho que nossa música deve ser boa para dançar porque concentramos-nos no ritmo das canções. Quase todas elas têm alguma coisa interessante acontecendo na bateria e no baixo. Evitamos usar esses dois instrumentos como meros adereços das músicas. Na música eletrônica, a batida também é um dos elementos mais importantes.
Acho que somos um tanto atrapalhados para lidar com um monte de samplers e geringonças - mal podemos nos controlar, então nem tenho idéia de como conseguiríamos manter um monte de equipamentos eletrônicos esquisitos sob controle.
Vocês podem nos contar um pouco sobre o próximo álbum? O que devemos esperar? Quando ele será lançado?
Bem, terminaremos as gravações nessa semana, e aí o disco entrará na mixagem e pós-produção. Não tenho certeza de como comparar esse disco com o anterior. Mantivemos o nosso som calcado nos mesmos instrumentos, e também nos divertimos bastante compondo e gravando-o. Talvez ele seja um pouco mais rápido do que o antigo, mas também um pouco mais lento em algumas partes. Em alguns momentos, mais barulhento; em outros, menos. Gravamos tudo no nosso espaço de ensaio, como no anterior, mas dessa vez tivemos um pouco de ajuda na escolha dos microfones para cada instrumento e coisas do tipo.
Acho que o disco sairá em março do ano que vem. Estou muito empolgada com as novas músicas e mal posso esperar para as pessoas ouvirem-nas!
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